Talvez a Independência da Bahia ainda seja um episódio desconhecido pela maioria dos brasileiros. Por aqui, no entanto, é um feriado celebrado não só pela capital, mas também em cidades do Recôncavo e da Baía de Todos os Santos.
O fato é que D. Pedro I declarou a independência do Brasil em 1822, mas os portugueses não entregaram sua colônia sem lutar. Assim, o Nordeste foi palco de muitas batalhas e, em especial, a Bahia, pois havia sediado a primeira capital colonial.
Os baianos já tinham demonstrado seu descontentamento com a Coroa Portuguesa em 1798. Foi neste ano que ocorreu a Conjuração Baiana, um dos movimentos que objetivaram a emancipação do Brasil.
Mas e o que isso tem a ver com o turismo? Tudo!!
Listei abaixo alguns pontos turísticos que têm uma importante relação com a Independência da Bahia. Por isso, sugiro que você os conheça quando estiver em Salvador.
Largo da Lapinha
No dia 2 de julho, o festejo da Independência da Bahia em Salvador começa aqui. Uma queima de fogos, assim como a execução do Hino Nacional e o hasteamento da bandeira, marcam esse início.
Em seguida, a caminhada começa de fato. O cortejo passa pelo Convento da Soledade em direção ao bairro do Santo Antônio Além do Carmo.
Aliás, eu falo mais sobre esse bairro no meu post sobre os passeios em Salvador gratuitos e imperdíveis. E, já que estamos na região, recomendo ainda uma visita à Casa do Carnaval da Bahia e à Igreja e ao Convento de São Francisco.
Sem dúvida, um dos grandes atrativos do Santo Antônio Além do Carmo no 2 de julho são as casas decoradas. As cores das bandeiras do Brasil e da Bahia tomam conta do bairro, pois há uma premiação tradicional para a melhor fachada.
Festa dos Reis
Fundado em 1771 no entorno da Capela da Lapinha, entre os bairros Liberdade e Soledade, a Lapinha tem papel relevante em nossa história. Afinal, o Exército Brasileiro passou por suas ruas na luta pela conquista de Salvador rumo à independência da Bahia.
Porém, o Largo da Lapinha não tem importância apenas para a comemoração no 2 de julho. Ele também é palco da Festa dos Reis, a tradicional celebração realizada em janeiro.
É no Largo da Lapinha que encontramos, igualmente, o Pavilhão da Independência – também conhecido como Pavilhão 2 de Julho. Este é o lar dos carros da cabocla e do caboclo, dois símbolos importantes da nossa luta.
Uma dica é ficar de olho no conjunto de casarões antigos ao caminhar pelo bairro. Em especial, os solares, construções com influência portuguesa que datam do final do século XIX e início do século XX.
Outra dica preciosa é aproveitar para conhecer a Igreja Nossa Senhora da Conceição da Lapa. Apontada como a única erguida com estilo mourisco no Brasil, passou por grandes transformações ao longo dos séculos. Hoje, tem também traços góticos e coloniais.
Por fim, vale a pena reservar um tempo para conhecer a vida noturna do lugar. Os casarões abrigam bares que tanto servem nossa culinária tradicional, como ainda proporcionam rodas de samba. Ou seja: é delícia dupla!
Igreja de Nossa Senhora Rosário dos Pretos
O cortejo sai do Santo Antônio Além do Carmo e percorre o Pelourinho em direção à Igreja Nossa Senhora Rosário dos Pretos. Mas a verdade é que, neste ponto, a celebração pela Independência da Bahia começou dias antes.
É que, no dia 30 de junho, os baianos do recôncavo ascendem o Fogo Simbólico que representa a união dos povos na luta pela independência. Isso acontece na Igreja de Nossa Senhora do Rosário, em Cachoeira, pois foi no porto da cidade que o primeiro tiro foi disparado, desencadeando a guerra.
Enquanto isso, nesta mesma data, a Catedral Basílica de Salvador realiza o Te Deum no Terreiro de Jesus, Pelourinho. Trata-se de uma ação de graças especial em homenagem à data.
E a chama do fogo Simbólico percorre outras cidades em uma tocha até chegar à capital. Sim, é meio como acontece com a tocha olímpica! Em Salvador, a tocha vai a Pirajá, onde uma pira é acesa no dia 1º de julho.
Pois bem, de volta ao 2 de julho, uma missa especial é realizada nesta igreja. E a imagem dos caboclos recebe flores.
Em seguida, a caminhada segue pelo Centro Histórico em direção ao Palácio Rio Branco.
Dupla comemoração no 2 de julho
A Irmandade de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos foi fundada do ano de 1685. Mas foi elevada à categoria de Ordem Terceira em 2 de julho de 1899 – exatamente no dia da Independência da Bahia, daí a dupla comemoração.
No entanto, esta igreja tem uma peculiaridade. Como o culto dos africanos era restrito nas igrejas por causa da escravidão, ela foi construída por escravos e libertos. Assim, sua história está diretamente relacionada à diáspora negra.
Por esse motivo, a irmandade católica integra também traços de cunho africano. Entram em cena, então, os atabaques do candomblé. Sim, você leu corretamente!!
Neste espaço, há a união entre os ritos e práticas católicas a uma experiência sagrada africana. Aliás, não apenas na música. Alguns santos de tradição afro-católica, como Santa Bárbara e São Benedito, têm espaço para veneração.
Sobretudo, não importa a sua religião; visite a igreja. Vá nem que seja para apreciar os belos painéis de azulejos que retratam cenas evangélicas e devocionais. Dê atenção, também, aos mais de 600 m² de forro com imagens sacras e alegóricas.
Principalmente, a visita é imperdível. Afinal, ladeira, casarões antigos e uma igreja de fachada azul, repleta de religiosidade e história, no Pelourinho em Salvador, é muito especial.
O Recôncavo de Maria Quitéria
Sob o comando do General Labatut, os baianos lutaram bravamente contra os portugueses. Este francês esteve à frente do nosso Exército Pacificador em momentos importantes, a exemplo da Batalha de Pirajá. Aliás, este foi o mais importante confronto em nossa luta pela independência.
Por isso, faz todo o sentido que ele receba homenagem dos baianos. Em Salvador, há monumentos para lembrá-lo tanto no bairro de Pirajá (onde fica o Panteão), como na Lapinha, onde há uma estátua.
No entanto, incrível mesmo é o nosso povo, viu? Pessoas simples, sem treinamento prévio e de diversas cidades, uniram-se para lutar. Para isso, rumaram em direção à capital armados com o que tinham à mão – ou seja, quase desarmados.
Dentre índios, negros e cablocos, uma figura tem maior destaque: Maria Quitéria de Jesus. Conta-se que a jovem pediu permissão ao pai para se juntar ao exército. Mas, uma vez que obteve uma negativa, fugiu da casa em Cachoeira e lutou assim mesmo!
Disfarçada com trajes e cortes masculinos, a cachoeirana guerreou sob o nome de Soldado Medeiros. E fique sabendo que fez bonito! Quando o pai descobriu onde estava, tentou levá-la de volta para casa. Porém, seus superiores no exército não deixaram que isso acontecesse. Além disso, ela recebeu a condecoração dos Cavaleiros da Imperial Ordem do Cruzeiro diretamente de D. Pedro I.
E é por causa de Maria Quitéria e tantos outros que a nossa comemoração envolve cidades do Recôncavo. Pois, se vencemos, foi de fato graças à união do povo baiano.
Praça do Campo Grande
Por fim, o cortejo acaba na Praça do Campo Grande, conhecida como Praça 2 de Julho. Aqui há nova execução do hino nacional e as autoridades colocam flores no Monumento ao 2 de Julho.
Além disso, um atleta baiano de renome ascende a pira do Fogo Simbólico e o hino ao 2 de Julho é executado. Mas não pense que acabou aí!!
É que filarmônicas encontram-se neste local para uma grande apresentação. Assim, cidades baianas que tiveram papel relevante na independência enviam seus grupos musicais para capital. Só que, dessa vez, não para lutar, mas para celebrar.
Até 5 de julho, a população pode visitar as imagens e demonstrar sua devoção na praça. Nesta data, elas fazem seu caminho de volta para o Largo da Lapinha. Claro, ao som de orquestras, fanfarras e grupos culturais.
Ponto turístico do Carnaval
Quem gosta do Carnaval na Bahia com certeza já ouviu falar sobre o Campo Grande. O circuito Osmar, o mais tradicional de Salvador, começa nesta praça e segue em direção à Praça Castro Alves. Sempre seguindo pela Avenida Sete de Setembro.
A praça encontra-se em um importante centro cultural. Afinal, tem como vizinhos próximos o Teatro Castro Alves (TCA), o Teatro Vila Velha e o Palácio da Aclamação.
E, ao longo do século XX, prédios de luxo também foram construídos no seu entorno, como o Hotel da Bahia.
As árvores centenárias do local já assistiram tanto batalhas como manifestações culturais. E já teve até outro nome: Campo de São Pedro. Hoje, recebe eventos como Feira de Antiguidade e Coreto Hype.
Não deixe de caminhar pela praça para apreciar seus monumentos vindos da França. Bem no centro, está o Monumento ao Caboclo, também chamado de Monumento ao Dois de Julho. Mais que homenagear a Independência da Bahia, ele ainda faz referência ao Rio São Francisco, à Cachoeira de Paulo Afonso e ao Rio Paraguaçu.
Além do 2 de Julho
Espero que este texto ajude você a perceber que a Bahia é muito mais que praias e carnaval. Temos, sim, muita história para contar!
Além disso, para quem ainda não sabia sobre a Independência da Bahia, não deixe de visitar esses pontos turísticos em qualquer época do ano!
Enfim, para conhecer mais sobre Salvador, leia os posts abaixo:
Farol da Barra e Museu Náutico em Salvador
Irmã Dulce: Memorial e Santuário Santa Dulce
Igreja do Bonfim, local de fé em Salvador
Comida baiana: conheça 20 pratos da Bahia
Sobretudo, programe sua viagem com nossos parceiros
Passagens: Passagens Promo
Hospedagem: Booking.com
Hospedagem: El Quarto
Aluguel de Veículos: Rentcars
Tudo para sua viagem: Amazon
Vou agora visitar esses pontos turísticos com outros olhos! Adorei saber mais sobre a Independência da Bahia!
Que bom Ângela, enfim, é nossa historia.
Amei saber mais sobre a Independência da Bahia em 3 pontos turísticos, o Viaje com Norma também é cultura. Aliás, seu post sempre nos apresenta o melhor de cada destino, cheio de dicas ricas em cultura, gastronomia e arte. Parabéns pelo belo trabalho!
Gisele, obrigada pelo carinho. Muito feliz que gostou.
Incrível como os brasileiros sabem muito pouco de sua história. A Independência da Bahia é uma das histórias que eu mesma conheci há pouco tempo. Ainda não conheci Salvador, mas já vou anotar estes três pontos turísticos para eu visitar um dia. Obrigada pelo post.
É assim mesmo Cecilia, As pessoas não conhecem e não valorizam nossa história. Esse é o motivo que quero muito divulgar isso.
Muito interessante conhecer mais da história da Bahia! Estive em alguns desses pontos turísticos em minhas viagens por Salvador, como Campo Grande, que eu acho lindo demais
Conhecer nossa história é incrível né. Sou uma turista que adora conhecer a história do lugar.
Muito bacana essas dicas de pontos turísticos, de todos esses o que acho mais bonito é a Igreja Nossa Senhora dos Pretos. Incrível
É um lugar de energia incrível mesmo. Adoro visitar.
Norma,que post maravilhoso!! Realmente, a Independência da Bahia é um episódio desconhecido para o Brasil e eu nem sabia que era feriado. Amei conhecer os 3 pontos turísticos de onde se pode ter a noção deste processo histórico tão importante. Quero muito conhecer a Bahia!
Obrigada Deyse, que bom que gostou. O objetivo do post é ser informativo mesmo.
Conheço esses pontos turísticos da Bahia mas não tinha ideia que estavam interligados pela história da independência! Amo visitar lugares históricos e relembrar (ou aprender mesmo) episódios históricos importantes. E a Bahia, especialmente Salvador, é um prato cheio pra isso, não é mesmo?
Com certeza. Conhecer a nossa historia e unir isso ao turismo é muito especial.
Muito interessante essa abordagem da Independência da Bahia a partir de 3 pontos turísticos. Esse roteiro merece ser implantado até nas escolas, uma forma lúdica e divertida de aprender História.
Concordo contigo. Achei incrível mesmo, por isso fiz questão de escrever sobre isso, acho que todos deverias conhecer a nossa história né.