Myanmar tem aparecido nos noticiários por conta do golpe que sofreu em fevereiro de 2021. Desde o início de 2021, as forças de segurança do país detiveram um número considerável de presos políticos. No entanto, quero falar sobre a oportunidade que tive de viajar a este exótico país.
Embora minha viagem tenha sido antes da pandemia, penso ser proveitoso falar sobre ela. É que Myanmar é um daqueles destinos que poucas pessoas encaram. Não porque não haja nada para conhecer – aliás, muito pelo contrário! Porém, ainda falta estrutura para receber os turistas mesmo.
Em especial, a pouca influência ocidental torna o país além de qualquer expectativa. De fato, é preciso conhecê-lo, mesmo que por poucos dias, para falar sobre ele. Sem contar que, após sua independência em meados do século XX, Myanmar esteve aberto a turistas por pouco tempo. Ao menos enquanto os civis tiveram a chance de governá-lo a partir de 1994.
Localizado no sul da Ásia, o país tem vizinhos de peso. China, Índia, Bangladesh, Tailândia e Laos cercam o país. No meu caso, escolhi um aeroporto tailandês, em Bangkok, pois a viagem em Myamar foi uma extensão da minha viagem aos Emirados Árabes e Tailândia, que ainda vou contar em outros posts.
Aproveite aqui já informações sobre a minha viagem aos Emirados Árabes:
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Agora, não perca a dica: adiante seu relógio em 30 minutos quando pousar em Myanmar. Isso porque o fuso-horário entre os países tem essa diferença de meia hora!
De Birmânia a Myanmar
A história do Myanmar é bem antiga. Para se ter uma ideia, quando a era cristã começou, a região já estava sob a influência da cultura indiana. Desse modo, o budismo se espalhou pelo território. Em especial, após a unificação de sua área central, promovida pelo reino budista de Pagan.
Os mongóis invadiram as terras de Myanmar entre os séculos XIII e XIV. Entretanto, eles adotaram a cultura birmanesa. Foi só no século XVI que os reinos foram unificados. Mas como os portugueses contribuíram, todo ele ficou sob gestão do Império Português do Oriente. Ao menos até que os ingleses passassem a dominar a região após sucessivas guerras. Foi quando o país ficou conhecido como Birmânia.
Com os movimentos separatistas do século XX, os britânicos primeiro separaram a Birmânia da Índia em 1937. Somente em 1948 o país conquistou sua independência – mas aí já tinha sido invadido pelo Japão na Segunda Guerra Mundial.
Infelizmente, a independência não trouxe paz para o país. É que, desde então, os diferentes grupos étnicos têm entrado em conflito pelo poder decisório. Some-se a isso os vários anos de regime militar e é fácil perceber como os mianmarenses chegaram ao atual estado de crise.
Aliás, o próprio nome “Myanmar” foi escolhido por um novo governo militar em 1989, após o povo manifestar descontentamento com seus rumos econômicos. Como se apenas mudar o nome bastasse, certo? A diversidade cultural, ainda hoje, é um dos fatores de tensão.
Como chegar ao Myanmar e melhor época para viajar
Fizemos o trajeto entre São Paulo e Bangkok no maior boeing do mundo, o Airbus A340-600, pela Emirates. No entanto, devo registrar a dificuldade para comprar passagens entre Tailândia e Myanmar, embora sejam bem baratas e o voo dure cerca de 1h.
Como só empresas do próprio país atuam no setor, além de estrutura pequena, elas têm aviões mais antigos e cancelaram ou alteraram os voos muitas vezes. Os aeroportos também são precários.
O Aeroporto Internacional de Yangon Mingladon, por exemplo, tem um quê de rodoviária do interior do Brasil. Ao menos ele está a cerca de 30 minutos do centro da cidade.
Agora, preciso de sua total atenção ao episódio que vou contar a seguir.
Compramos moeda local em Bagan e testemunhamos uma baita confusão com os passaportes dos estrangeiros. A mesma moça que pegava os documentos também os devolvia. Contudo, como ela não verificou no ato da entrega, alguns passaportes (com dinheiro dentro) foram trocados – já viu, né? Para nossa sorte, o passaporte brasileiro é diferente e os europeus sofreram nesse dia. De qualquer forma, melhor não dar chance ao acaso, concorda?
Quanto ao melhor momento do ano para ir para o Myanmar, minha pesquisa indica que é entre novembro e fevereiro. Ainda que a quantidade de turistas seja maior, ao menos o clima é ameno. Por isso, dezembro e janeiro são os meses mais procurados.
Embora março, abril e maio sejam igualmente meses secos, a temperatura está mais alta e fica mais difícil turistar sem sentir desconforto. Já de junho a outubro é tempo de monções e, por mais que a temperatura seja mais baixa, a chuva constante pode atrapalhar seus planos.
Brasileiros precisam de visto?
Sem dúvida! Porém, o visto é até fácil de conseguir, já que pode ser obtido online. É só visitar a página https://evisa.moip.gov.mm/.
Segundo a PANROTAS, em abriu de 2022 Myanmar voltou a reabrir as suas fronteiras ao turismo. Mas ainda com poucos voos e pouco movimento. No entanto, por conta do golpe militar, oriento que pesquise antes de definir Myanmar como seu destino.
Feita a ressalva, atente para a necessidade de escolher o tipo de visto antes de preencher o formulário. Ele pode ser turismo ou business. Além disso, informe também sua nacionalidade e indique qual será o local de entrada. Do mesmo modo, prepare-se para informar:
- Nome completo e sexo;
- Data de nascimento e profissão;
- País de origem, endereço permanente e CEP;
- Tipo da acomodação em que se hospedará no Myanmar, bem como nome e endereço da hospedagem;
- E-mail, informações do passaporte e foto digitalizada.
O eVisa custa $50 e deve ser pago com cartão de crédito (consulte o valor atual). Uma vez aprovado, o visto será enviado para o seu e-mail em até 3 dias úteis. E, depois da aprovação, ele tem validade de 90 dias. Porém, o tempo de permanência em Myanmar é de no máximo 28 dias.
Por fim, algumas dicas extras:
- Tenha em mãos um passaporte válido por no mínimo 6 meses;
- Leve dinheiro suficiente para o período de estadia no Myanmar, pois saques podem ser complicados e nem sempre se aceita cartões de crédito;
- Guarde a passagem de saída do país facilmente, caso precise mostrar;
- Faça um seguro viagem antes de sair do Brasil para não passar perrengue lá fora. Mantenha contato que providenciamos o seu seguro viagem, assim como te ajudamos a montar toda a sua viagem.
3 dias em Yangon
Yangon é uma das principais portas de entrada do Myanmar. Afinal, é a maior cidade do país, tendo sido a capital colonial. Hoje, as construções coloniais contrastam com a arquitetura cosmopolita.
Ela também é conhecida como Rangoon ou Rangum, em português. Apenas não espere muita organização. Nem muito desenvolvimento na verdade. Nesse item, me assustei com o fato de encontrar esgotos abertos em vias públicas. Ou seja, a cidade não tem saneamento básico para todos.
Ainda assim, se encante com sua autenticidade.
Também pudera! Pois esta é uma das cidades mais antigas da região. Possivelmente, foi fundada no século VI com o nome de Dagon. Séculos de reinados e guerras passaram e ela ganhou destaque com o comércio e seu porto.
Yangon chega ao século XXI com cerca de 5 milhões de habitantes. A maioria com ascendência birmanesa, inglesa, chinesa ou indiana.
Em Yangon, fizemos o já tradicional city tour para explorar a cidade. Caminhamos entre a maior parte das atrações e, quando necessário, usamos taxi.
Em Yangon, o guia local fez toda diferença, mas tem dica sobre isso
Foi em Yangon que tivemos a oportunidade de conhecer um pouco do dia a dia em Myanmar. E tudo graças à hospitalidade de um morador local!
Nós o conhecemos em um dos templos que visitamos. Começamos a conversar e ele logo se ofereceu para ser nosso guia. Não apenas ficou conosco todo o tempo, como nos levou a todas as atrações. Além disso, foi por sua causa que conhecemos um espaço de meditação incrível, onde vivem alguns monges budistas.
Porém, o momento mais especial veio quando ele nos levou ao lugar onde morava. Lá, almoçamos comida caseira com sua família. Foi, sem dúvida, uma oportunidade única de viver uma realidade tão diferente!
Mas, sobre isso, fica um alerta: ele nos guiou de forma genuína e até tentei negociar o preço do serviço com antecedência, mas ele não aceitou. No entanto, no final, acabou nos impondo um valor de 50 dólares por pessoa (estávamos em 04 pessoas), o que gerou um certo desconforto. Assim, negocie preço antes, caso contrate um guia local.
No artigo abaixo, você irá acompanhar nossa aventura em Yangon dia a dia.
3 dias em Bagan
Em Bagan, o grande atrativo são os mais de 2 mil templos que existem por lá. Acredita-se que houvessem mais de 10 mil no tempo de auge da cidade. É que ela foi a capital do antigo reino de Pagan, sendo seu centro político, econômico e cultural entre os séculos IX e XIII.
Com o declínio do reino após invasões estrangeiras, muitos dos templos sucumbiram a desastres naturais, em especial, terremotos.
Curiosamente, a Unesco recusou a indicação da cidade como Patrimônio Mundial. Já no fim do século XX, na década de 1990, o governo investiu na revitalização dos templos. Porém, não cuidou em manter o estilo da arquitetura – daí a rejeição do título.
Aviso logo que o serviço é bem precário. Contratamos o taxi que nos levou do aeroporto ao hotel para, no dia seguinte, nos conduzir pelos templos da cidade e foi uma ótima experiência.
No segundo dia, fizemos o passeio de balão por sobre mais de 600 templos – uma das atividades mais procuradas pelos turistas.
E, no terceiro dia, fomos ao Monte Polpa e Salay.
Mas tem um detalhe importante: nosso motorista, que falava inglês apesar de precário, não apareceu nesse último dia. Em seu lugar, mandou um outro motorista que não falava nem “hi” em inglês… Enfim, foi um dia de difícil comunicação! kkkkk
Templos e locomoção em Bagan
Os templos, de fato, levam os turistas curiosos até Bagan. Por isso, você pode até ir procurar algum templo específico, mas saiba que vai acabar se encantando com algo inesperado, descoberto ao acaso. E, muito provavelmente, sequer saberá o seu nome!
A verdade é que os templos se encontram espalhados ao longo de uma extensa área. Desse modo, você precisa encontrar uma forma de se locomover. No meu caso, escolhi táxi e balão, mas há outras opções.
Algumas lojas, hotéis e restaurantes até alugam bicicletas para os turistas. No entanto, pense bem nas distâncias que você terá que pedalar. E, acima de tudo, considere as condições climáticas, pois pedalar em dias quentes ou de chuva pode ser difícil.
Por isso, o aluguel de bicicletas ou scooters elétricas pode ser mais indicado. Ou, até mesmo, uma carroça com guia. Só tenha me mente a exposição à poeira. Da mesma forma, o transporte público apresenta uma limitação: circula apenas pelas estradas principais. Por fim, também é possível contratar uma agência de turismo.
Vou listar aqui os templos mais famosos e leia mais sobre eles no post abaixo: Ananda Temple, Dhammayangyi, Shwezigon Pagoda, Htilominlo Temple e Thatbyinnyu Temple.
E para conhecer o nosso roteiro completo em Bagan, acesso o link abaixo:
O que fazer em Bagan – Myanmar
Onde se hospedar em Bagan
Eu indico que você considere 3 regiões para se hospedar na cidade:
- Nyaung U tem a maior oferta de hotéis a com bom preço, assim como bares e os melhores restaurantes. No entanto, não fica próxima dos templos.
- Old Bagan está próxima aos principais templos e dá até para caminhar até alguns dos portões da antiga cidade. Há uma boa variedade do que fazer, mas os preços são mais elevados.
- New Bagan é considerada uma outra cidade, mas ainda é perto dos principais templos. Foi construída em 1990 e tem acomodações confortáveis com bom preço.
Mas, claro, não deixe de acessar o site do Booking para encontrar as melhores opções.
Haja coração para tantas emoções!
Com todos os perrengues, diferenças culturais e dificuldades por falta de estrutura, você acha que eu voltaria ao Myanmar? Com certeza!
É sempre enriquecedor conhecer novas maneiras de viver. Para se proteger do sol forte, as pessoas lá usam uma pasta branca feita de casca moída chamada de thanaka. E é por conta desse cosmético artesanal que vemos os rostos pintados de branco nas ruas. Como eu saberia isso sem ter ido lá? E claro que não ´perdi a oportunidade de também usar o thanaka.
E isso sem contar que ainda há outras cidades para conhecer por lá. Como Mandalay, que concentra mais da metade dos monges do país e tem lindos templos budistas. Ou Inle Lake, com os vários vilarejos coloridos em suas margens e os pescadores bailarinos. Tem muita coisa! kkkkk
Encerro aqui, fazendo o convite para que você continue me acompanhando em minhas viagens!
Aproveite e conheça também outros destinos em que já estive neste mundo:
Emirados Árabes Unidos, no Oriente Médio;
Suíça, na Europa;
Liechtenstein, também na Europa;
Cabo Verde, na África.
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