As comidas de festa junina fazem parte da tradição do Nordeste brasileiro. Por um lado, nós comemoramos os dias de três santos católicos em junho: Antônio, João e Pedro. Por outro, comemos e bebemos do bom e do melhor no sexto mês do ano!

Assim como a comida baiana – já falei sobre isso nesse post -, a comida junina acaba incorporando nossas várias influências. Afinal, nativos, africanos e portugueses estão na base da nossa formação enquanto povo!

Agora, tudo, por certo, ao som de muito forró, seja xaxado ou baião! Pois somos tão conhecidos pela nossa culinária, como por nossas festas.

Aproveite e leia aqui a história das festas juninas no Nordeste:

Festas Juninas no Nordeste

Um pouco da história das comidas de festa junina

Importamos essa tradição de festejar os santos do mês de junho da Europa. Em Portugal, por exemplo, os agricultores celebravam a colheita de trigo entre os meses de junho e setembro – ou seja, verão.

No entanto, com a colonização, nós tivemos que… adaptar um pouco. Como não tínhamos produção forte de trigo na época da colonização, o milho acabou levando a melhor e ganhando o papel de destaque.

Por isso, não se espante se este grão aparecer com frequência nas receitas! Além do milho cozido e da pipoca, entre as comidas de festa junina, temos ainda bolo de milho, pamonha, cuscuz, canjica e mingau. kkkkk

Mas a verdade é que diferentes culturas do hemisfério norte têm celebrado durante o mês de junho muito antes de o cristianismo surgir. Ascender fogueiras, por exemplo, é uma das formas de comemorar o solstício de verão.

Os cristãos, no entanto, associam a celebração ao nascimento de São João Batista, pois ele teria nascido seis meses antes de Jesus. Porém, sem dúvida que incrementamos a festa por aqui!

Vamos ao que interessa: comidas de festa junina

Amendoim cozido e torrado

O amendoim tem origem aqui mesmo na América do Sul. Além disso, é uma das estrelas na mesa junina, assim como o milho. Em especial, na versão cozida com sal, que é amplamente consumida. Tem gente até que parece uma máquina de abrir e comer esse petisco! kkkkk.

No entanto, tem também a versão de amendoim assado ou torrado.

Além disso, a leguminosa também aparece em outras versões, como paçoquinha e pé-de-moleque – ambas doces. Sem contar o caruru, vatapá e outras delícias baianas.

Bolos

Nada de bolos elaborados, pois os consumidos nos festejos juninos são os mais simples possível. Claro, o bolo de milho não pode faltar, bem como o de mandioca, tapioca, aipim e fubá. Laranja, coco e doce de leite são invariavelmente convidados para fazer parte da festa.

E tenho uma dica realmente importante para dar: todos eles ficam uma delícia acompanhados por um cafezinho coado na hora!

Canjica

Aqui podemos ter alguma confusão. Enquanto chamamos de “canjica” no Nordeste, o povo do Sudeste conhece como “canjiquinha”. Porque, para eles, “canjica” é o que conhecemos como “mugunzá”, feito com milho branco. E a iguaria ainda recebe os nomes de “curau” e “jimbelê” em outras partes do Brasil.

Diferenças à parte, o que importa é que há poucas variações na receita de origem africana. Sem dúvida que o milho verde está presente, assim como a canela em pó polvilhada por cima!

Cuscuz

Originalmente, o cuscuz é preparado com trigo, principalmente, na África Setentrional – e não é só no Marrocos, como faz crer o “cuscuz marroquino”! No entanto, por aqui, o milho conquistou lugar de destaque e fez tanto sucesso que agradou o paladar de norte a sul.

É bem verdade que o cuscuz paulista acaba se diferenciando bastante do nosso, por conta dos ingredientes a mais que leva. Já o nordestino é mais básico: flocão de milho, água para hidratar e um pouco de sal – há quem ainda acrescente um pouco de açúcar.

Então, basta levar a panela ao vapor ou ao micro-ondas e se deliciar! Há quem prefira com leite de coco ou de vaca, com algum queijo como o coalho ou só com manteiga mesmo. O importante é experimentar e descobrir o jeito como você mais gosta.

Milho verde

Então, já deu para entender que o milho verde é muito importante para os festejos juninos, certo? Tudo porque ele é o grão mais abundante no Nordeste no mês.

Assim, segundo a tradição, planta-se na semana de São José, no mês de março, para colher em junho. E reza a lenda que, se chover no dia do santo, a colheita está garantida.

O milho também é bem versátil para aparecer em receitas diferentes. Mas faz igualmente sucesso se aparecer desacompanhado, seja cozido ou assado na fogueira.

Pamonha

Tudo indica que herdamos a pamonha dos primeiros habitantes do Brasil, os povos indígenas. No entanto, o quitute passou por alguns aprimoramentos conforme portugueses e africanos se envolveram em seu preparo.

Aqui no Nordeste, não temos a versão salgada da pamonha, nem mesmo com recheios como carnes e embutidos. Apenas adicionamos leite de coco, sal e açúcar, manteiga, canela e erva-doce ao milho verde ralado. Para cozinhar, a massa é acomodada em tubos feitos com a palha do próprio milho.

E aí só comendo para saber como é bom!

Pipoca

Pipoca não é só para assistir a filmes não, viu?!? kkkkk

Essa é mais uma daquelas contribuições indígenas para a nossa alimentação. E, também, presença indispensável no São João, acompanhada de sal e manteiga. Seja em quermesse ou carrinho de pipoca, o fato é que ela não pode faltar!

E também tem bebida junina: Licor

Por mais que a cerveja seja bem consumida no São João, um bom licor tem o seu lugar. E, por esse motivo, o encontramos não apenas em bares e restaurantes no mês de junho, mas também em salões de beleza e até em algumas clínicas.

Em geral, a tradição de fabricar licor, bebida feita primordialmente com aguardente e extrato de frutas, passa de geração em geração. Mas vai ganhando toques de modernidade. O tradicional licor de jenipapo, por exemplo, disputa mercado agora com sabores como chocolate, café e maracujá cremoso – que contam com a adição de leite condensado.

Só digo uma coisa e mais nada: se tiver a oportunidade de beber licor, aproveite! Apenas não se deixe enganar pelo sabor doce da bebida, porque seu teor alcóolico é alto!

Ai que saudade que eu sinto…

Por conta da pandemia de covid-19, não teremos os tradicionais festejos de São João no Nordeste. Por isso, mais do que nunca, estou cantarolando a música do saudoso Luiz Gonzaga:

Ai que saudades que eu sinto
Das noites de São João
Das noites tão brasileiras nas fogueiras
Sob o luar do sertão…

Luiz Gonzaga

Mas não sou de me entregar ao choro! Se não podemos festejar, entendo e respeito. Depois, isso vai passar. Vou é relembrar os bons momentos me deliciando com comida junina!

Mas, tenho que confessar: as saudades são muitas, da comida, da fogueira e de um forrozinho…

Sobretudo, sinto falta da festa em família. Principalmente porque essa é uma festa em que, tradicionalmente, as famílias e amigos se reúnem para comemorar e se divertir muito juntos.

E já que estamos falando sobre festas tradicionais, confira esses posts sobre outras celebrações:

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